Flores


Sempre me mantive de fora de tudo, nunca quis armar confusões com ninguém, já em pequena sempre tive o meu mundo onde passava as tardes a desenhar campos de flores brancas – o que me acalmava o coração e não deixava ninguém entrevir na minha vida – nunca tive amigos verdadeiros só os de conveniência que vem até nós por interesse, nunca quis saber delas apenas contava com um amigo, o meu gato midnight (meia-noite) - gato ágil prateado e de olhos verdes que sempre me acompanhou desde do primeiro dia em que nos “apresentaram” uma a outra – era com ela que podia contar quando menos aguentava.  Nunca mostrei qualquer tipo de emoções a frente de ninguém, nem dos meus próprios pais. Paz era algo que encontrava nos meus poemas, no meu diário, com a midnight e nos campos com longos prados de flores de todas as cores.
   
Ponho-me a pensar no mundo a minha volta quando por momentos olho para o céu e dou por mim a viajar pelos sítios mais lindos a face da terras, jardins decorados com as mais belas rosas de todas as cores, até roxas já existem, onde a brisa do vento me bate na cara mas mal a sinto, onde sinto paz por completo e nada nem ninguém me incomoda. A minha estação do ano mais odiada é o inverno onde tudo murcha, morre e desaparece. Claro que é obvio adivinhar a minha estação favorita – Primavera – onde tudo renasce, floresce e brilha.

Tantos dias passei eu sobre aqueles belos campos coloridos a procura de uma razão para voltar para casa e nenhuma me ocorria, tudo ali era impávido e sereno, nem uma discussão num raio de 20 metros se aproximava dali. Pensei por momentos que talvez estivesse a dormir, num reflexo de ansiedade belisco-me no braço para acordar daquele sonho tão maravilhoso, mas doeu, estava mesmo acordada! Tinha saído de casa a 3 dias e nesses mesmos tinha-os passado naquele prado onde uma casinha abandonada chamava por mim todas as noites frias. Pegava nalguns ramos que levava comigo e punha junto da velha lareira cheia de pó, para poder acender naquelas gélidas noites. Se ali pudesse viver para sempre o faria, é o meu sonho de vida, reparei o pequeno baloiço de alpendre que estava caído no chão e limpei-o. Nunca uma casa tão antiga e estragada me pareceu tão acolhedora, como as dos filmes onde vivem as famílias prefeitas, com os seus filhos prefeitos e pais prefeitos, tudo aquilo que na realidade é uma mentira.


Não sou prefeita, não tenho família prefeita, o que tenho são os meus campos de flores, a minha casa antiga mas acolhedora, a minha gata e o baloiço de alpendre no qual me sento todas as noites para poder admirar as estrelas que tão bem iluminam as minhas flores - perfeitas.





2 comentários:

  1. Compreendo-te imenso as pessoas de hoje em dia são muito falsas, principalmente socializares em sites tipo hi5, myspace e assim, pois nunca podes saber se ele vão falar por falar, ou se vão comentar apenas para tu lhes retribuíres, e assim eles ganham mais um coment para ficarem populares.
    É verdade não somos perfeitos, a humanidade não é perfeita, umas vezes somos justos, outras vezes menos injustos, mas temos de dar uma oportunidade para conhecer quem nos rodeia, pois nem todos são aquilo que nós pinta-mos, e espero que me chames de amiga e de não conhecida, e olha que eu só preciso das minhas 2 mãos para contar os meus amigos e tu estás lá x)

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  2. aw és uma querida, eu sei que amigos são poucos, conhecidos há a milhares, mas não te preocupes aos poucos e poucos vou te conhecendo e acho que és uma pessoa adorável, considero-te uma amiga sim (:!

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