Little Box
Minha caixinha trancada e arrumada. Serviste de tanto, ainda serves, durante tanto tempo e nunca te limpei o pó que tens acumulado de tanto tempo que permaneceste a um canto em cima de uma cadeira. Queria ir-te limpar hoje, abrir-te e rever memórias, fotografias, textos, canções e velharias que guardas dentro de ti, mas há um problema, não tenho a chave. Quem a tem não ma dará tão cedo… ainda não a quero também.

 Lembro-me do primeiro dia que a recebi, foi uma senhora já de idade numa lojinha em forma de árvore, ela disse – quando menos esperares vais ter de a trancar, é feia e velha agora mas com o tempo mudará - achei por bem limpa-la antes e dar-lhe brilho, ela logo mudou, toda branca se tornou com adornos roxos e lilases - nada parecido aquilo eu tivera visto! – e dentro dela havia uma pequena chave que correspondia a fechadura da mesma.  Guardei-a junto ao coração onde ninguém nunca tinha entrado por completo, pensei que ali estivesse segura e nunca a perderia – que enganada estava.

Aprendi mais tarde que não era um bom sitio guarda-la ali. Acabei por perde-la e ainda não a encontrei, já desisti há muito de a procurar, se algum dia ela vier a mim gostava de te poder abrir caixinha, de reler, rever, recordar e maravilhar-me com tudo o que tens para me mostrar.
Nada é certo nem concreto, mas uma coisa tenho a certeza, mil e um segredos guardas contigo porque te assim incumbi. Nunca me desiludiste até agora em guardares o que te dou de mão beijada para não mais voltar a ver, ou pelo menos até dia vindouro, posso saudade sentir mas nada que não supere com dificuldade e tentativas em vão de esquecimento. Dizem que com o tempo tudo sara e tudo passa, discordo plenamente, só reclama mais aquilo a que tem direito.

Caixinha, caixinha…

Se não fosse aquela velhinha encurvada que tinha a sua loja velha em forma de árvore, se não te tivesse limpo o pó naquela altura, se a chave não tivesse perdido de junto do meu coração…
Talvez, mas só talvez, tudo tivesse sido diferente.


Mas queres mais um segredo…?


I don’t regret it.

Diário de Charlotte


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