“Sou suicida, pensei em matar-me e que não fazia mal, pensei até deixar algo antes de partir mas apercebi-me que nada possuía para além dos meus textos, conhecidos tenho muitos, amigos são poucos, mas esses esqueceriam o mundo não pararia por menos uma insignificante pessoa.
As primeiras tentativas foram falhadas, sempre havia alguém a impedir ou não ingeria a quantidade certa de comprimidos, depois passei ao mau trato físico, para me aliviar a dor que sentia por dentro era como descarregar toda aquela raiva sem consequências para cima doutros, mas também foram falhadas, os cortes não eram profundos o suficiente ou simplesmente parava de sangrar ou desmaiava. Todas as tentativas estavam a fraquejar assim como eu que a cada dia que passava ficava mais débil e cansada de tudo, lembro -me que houve apenas uma vez em que quase sucedi bem na minha missão, por pouco que não tinha conseguido se não fosse a rápida e inesperada entrada dos meus pais, que se tinham esquecido de algo algures na casa, travei o sangue que estava a escorrer-me e limpei toda a casa de banho, no final sai de lá como se nada fosse, lembro-me de quase perder os sentidos e de querer adormecer, de ouvir uma voz chamar por mim e ir em direcção dela.
Com o passar do tempo deixei de tentar matar-me decidi tentar aproveitar a vida, comecei a ganhar nojo de mim e raiva daqueles que faziam o mesmo que eu. De vez em quando tinha recaídas mas lutava contra aquele desejo tão macabro. Conheci gente da qual ainda me dou, amigos próximos, talvez de mais… pelos quais desisti de tentar faze-lo porque sentia que precisavam de mim ou que eu precisava deles… foram 3 deles os que me impediram de suicídio quando voltei a recair mais uma vez, agora parece que mais que tente lutar para me aproximar deles (pois por motivos sabe se lá por que começamos a afastar-nos) mais me afasto, talvez a culpada seja só eu que ajo de maneira errada, não sei… mas com esta falta de proximidade com a falta deles sinto talvez que já me possa ir embora nada mais me prende nem as duas amigas que tanto amo e guardo a meu peito nem tanto o amigo do qual me apaixonei, não faz diferença já. Sei que se partir eles ficaram bem, sei que se eu sair de suas vidas nada irá mudar, talvez sofram um pouco mas acabaram por esquecer e não passarei de uma vaga memória.
*Risos discretos*
Parece-me uma ideia absurda escrever algo assim, parece ate que estou a escrever uma carta de suicídio como nos filmes.
Charlotte"
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