Tempos

Como qualquer outro dia, como qualquer outra manha dei por mim a olhar para o tecto do meu quarto e a imaginar o céu azul que sobre mim me rodeia, dei por mim a pensar no Passado e a pensar no que nele passei.

Não é todos os dias que passo a pensar nisto. Mas como qualquer outro dia numa qualquer outra amanha, finalmente acordei do meu sonho e continuei com o meu presente.

Chega o anoitecer e parece que tudo volta ao mesmo passado da manha, pergunto ao Futuro se dá para esquecer mas este só pensa nele mesmo, falo com o Presente que me diz para aproveitar e não pensar em nada, mas depois vem o Passado perguntar o porque de esquecer.
Viro-me para o tempo e pergunto-lhe o porque de não saber. Este só diz que não tenho nada a temer.

Tempo:  “dá tempo ao tempo para o tempo ter um tempo, se o tempo tem tempo nada em vão o tempo deve fazer.

Já ouço isto há muito tempo, mas o Tempo diz sempre que há tempos que se devem esquecer. Esquecer diz-me ele agora, mas não com certezas sobre que memorias. Ora muito obrigada por nada.

Continuou parada entre tempos, e nenhum se quer fazer perceber ou dar a entender.

Abismo

Dizem que existe um caminho para todos os encontros da nossa vida. Uns mais felizes que outros, uns mais bem espinhosos que outros e uns simplesmente confusos.
Eu? Eu encontro me numa corda bamba, dividida entre um caminho cheio de cores e um cinzento, eu sozinha estou no meio onde nem me atrevo para baixo olhar, não há chão para me consular, apenas o vento que passa ali e assobia como se a zombar comigo estivesse, à espera que com um empurram, dele mesmo, eu caia naquele abismo sem fim.

No extremo de cada um dos caminhos existe outra eu, duas diferentes mas iguais, uma que só a escuridão conhece, outra que só a cor quer mostrar e eu que não sei para qual me virar.

Não é algo que possa pedir ajuda, porque é algo que tenho de decidir sozinha e seguir com o meu próprio pé, isto é o que sei.
Mas onde é que cada um me leva, porque razões tenho eu que escolher e porque motivos existem dois? Isto e o que não sei.

Acho que todos temos estes dois, a um determinado ponto da nossa vida, a espera da escolha final. Não podemos continuar a baloiçar na corda, a fazer malabarismos e tentar continuar a nela suspendermo-nos e não cair de lá. Continuou a espera, eu sozinha lá, que o vento sopre para um deles ou talvez à espera da minha própria escolha.

E vocês?