The love
Ela deitou-se na cama a seu lado com um olhar triste - mas sempre sorrindo - lhe da os bons dias, devia ser para ai 10h da manha, como habitualmente fazia. Era já uma tradição desde pequenos, ela vinha com um sorriso na cara acorda-lo.
Ele que sempre foi preguiçoso esperava, mesmo que acordado estivesse, pela voz doce e calma dela. Tinha-se habituado a acordar com o seu sorriso e o seu perfume, gostava de a puxar para a cama com ele e abraça-la.
“Bom dia” – dizia-lhe ela com o sorriso habitual –“ estás pronto para te levantares?”
“…hmmm” – ensonado respondia –“ eu não… e tu estas pronta para te deitares?” – puxando-a para si e mantendo-a nos seus braços, magros mas fortes.
Ela sempre gostou dele e ele dela, sempre foram unidos, raramente discutiam ou se separavam. Ela não gostava das namoradas dele e ele ciumento ficava dos dela, fizeram um pacto.
“ Eu só te tenho a ti.” – Disse-lhe ele.
“ E eu só te tenho a ti.” – Completou ela.
“Então tu és minha e eu sou teu.” – Sorrindo-lhe
“Para sempre.” – Respondeu-lhe.
Ninguém reparava naquela cumplicidade, apenas eles contra o mundo.
“Quero-te guardar para sempre comigo, quero-te a meu lado nos piores momentos e nos melhores, quero criar recordações contigo quer sejam boas, más, felizes, tristes. Nada mais me importa a não ser ter-te a meu lado para o meu todo sempre.” – Lhe ditava enquanto na sua face rosada passava a mão. – “Quero-me casar contigo…”
“Sim.” – Respondeu sem hesitação. – “ Mas sabes que não iram permitir isso, já que somos novos demais…”
“Então… ficaremos juntos até ao fim das nossas vidas, tu minha amante e eu teu, sempre juntos, não teremos mais ninguém. Casaremos por palavras e objectos trocados.”
“Dou-te este fio como prova do nosso casamento.” – Dando-lhe um medalhão de prata.
“E eu este anel com o mesmo brasão do teu medalhão.” – Retribuindo-lhe a troca com o anel de prata da família.
“Agora somos…”
“Marido e mulher.”
Ele puxo-a ainda mais para junto dele, pegou-lhe nas mãos e com um beijo selou o pacto.
“amo-te.” – Disseram ambos
Era sempre assim até ao momento em que ambos explodiam e deitavam tudo para fora de sim.
The hate
"Odeio-te CABRÃO! Não deverias existir! Só me fizeste mal! USASTE-ME! Nunca quiseste algo mais! (...)" – enquanto limpava as lágrimas raivosas que lhe escorriam pelas faces rosadas.
Sim ela odiava-o, tanto, mas precisava dele. Precisava das discussões, das anotações e das explicações. Aquilo fazia-a sentir-se viva. Ela amava-o, mas odiava-o. Tanto ódio que ela sentia que chegava a amá-lo, ela nunca tinha encontrado as palavras certas para descrever aquele sentimento. Confuso, sim. Nunca a palavra liberdade tinha feito tanto sentido nos seus ouvidos a não ser quando esteve com ele, irónico não?
O seu medo era tanto que chegava a subir-lhe á cabeça. Tornou-o obsessivo, inesperadamente preocupado e atencioso, algo que nunca tivera sido ate ali então. Complicado, não?
O mais ignorante lutava por tudo e dava por tudo. Os dois lutavam. Os dois ignorantes, pessimistas, amantes, inimigos. Ambos se completavam, um era a metade doutro. Havia ali uma reacção química que os unia, que fazia com que se suportassem apesar dos seus, tão idênticos, maus feitios. Partiram pratos, candeeiros, lâmpadas e televisões. Tudo. Com a violência agressiva que durante anos tinham contido por tudo o que lhes era sagrado, pela aquela relação.
Não poderiam mudar o passado, mas poderiam escolher o futuro.
Não eram religiosos, mas ambos rezavam a Ele pedindo indicações, pedindo um caminho fácil para se aperceberem do que realmente necessitavam. Ambos em dias diferentes, em alturas diferentes do dia, em horas diferentes ouviram o padre Y dizer:
"Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei para lá: o Senhor deu, e o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor." Job 1:21
Ambos escreveram tudo num pedaço de papel de parede queimado, da casa que ardeu esta madrugada:
"A ti prometi ser fiel. A ti prometi amor eterno. A ti me vou dedicar. A ti pertenço. Contigo nasci, cresci, vivi e contigo morri."
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