No meio daquela confusão silenciosa, aquele pânico calado e assustador, ali estava ele a olhar para o vazio como se em sua frente estivesse alguém, um vazio imenso, nenhum ruído se ouvia apenas uma voz suave que pairava quase como uma brisa e um perfume que essa mesma brisa trazia consigo.
Uma melodia que o embalava, um piano que ecoava na sua cabeça que por mais que o tentasse alcançar nunca conseguira descobrir donde ele vinha, quando vinha apenas ele o ouvia se o tentasse alcançar desaparecia era como se tivesse vontade própria, como se quisesse atormenta-lo, enlouquece-lo, o perfume adocicado que lhe era tão familiar o perseguia para onde quer que fosse, à noite quando se deitava na cama e fechava os olhos via a sombra de alguém, naquela escuridão, debruçando-se sobre ele e que lhe cantava, com uma voz suave e gentil, ao ouvido, baixinho, uma musica de embalar, ''não adormeças durante muito tempo/eles quer-te ao pé de mim/foge foge neste mundo sem fim/mas não te preocupes que quando mais precisares eu estou sempre aqui’’.·
'Esta voz tão gentil... Tão familiar... Quem és tu?' - perguntava se a ele mesmo na tentativa de obter resposta.
'Sou quem mais amaste... Sou quem mais perdeste' - lhe respondera.
'Quem mais amei?' - tentou outra vez’
Mas não mais lhe respondeu, Elliot adormeceu com aquelas palavras na cabeça, que durante essa mesma noite sonhou com Charlotte, a única rapariga que realmente amara mas perderá tão cedo e pior, que perderá em seus braços, recordou em seus sonhos as lindas melodias que ela tocava no seu piano preto durante as noites de verão, onde por vezes a lua brilhava ou se escondia no meio das nuvens que se enchiam de um cinzento e derramavam lágrimas, melodias essas tristes e solitárias com medos de verdades escondidas.
Charlotte sabia que estava prestes a desaparecer do 'mundo de luz', quando ninguém acreditava nas suas palavras que divagavam sobre morte, vida, e não só, e entrar num de escuridão que absorvia tudo o que vivera e todas as doces memórias que guardara durante os 7 anos de sua via ao lado de Elliot, 7 anos que mais pareciam 7 dias, sete longos dias, tudo a sua volta parava quando os seus olhares se cruzavam. Ela escreverá lindas canções para Elliot uma delas a sua preferida, 'mantém te acordado', aquela que mais lhe cantava onde seu piano era constante e delicado e as notas saiam de maneira tão suave que pareciam sido criadas pelo vento.
Elliot lembrara se de todas estas recordações apenas naquela noite, na mesma em que aquela voz lhe dissera aquela frase e lhe cantara então a canção que Charlotte lhe comporá, um click fez-se! Num vago momento de raciocínio lembrara-se de tudo, da sua voz do seu perfume do seu doce toque nas teclas do piano preto... Era ela, tinha a certeza.
Entre lágrimas e risos.
Charlotte que era destemida, mas delicada, adorava fazer os a sua volta sorrir, quer fosse uma ocasião para chorar ou para estar se serio era impossível com ela, a sua energia era espalhada por todos a seu redor, que com aqueles doces sorrisos e palavras se desmanchavam a rir de tal forma que era impossível ficarem tristes durante muito tempo. Adorava novas experiências e conhecer novas pessoas, gostava de experimentar um pouco de tudo e viajar.
Estas foram as características que mais chamaram a atenção Elliot, claro que a sua beleza sobressaia aos olhos de qualquer um, com os seus longos cabelos castanhos-claros e os seus olhos castanhos avelã que derretiam todos aqueles que lhe olhassem directamente nos olhos, mas o que realmente o atraiu foi a sua voz, a voz que parecia ser dada por anjos, tão doce, suave e tão calorosa, que quando cantava todos se calavam para ouvi-la, era como um feitiço que os prendia na canção e que lhes reconfortava o coração, pois as suas musicas eram sempre alegres ou românticas, nunca as triste catará a não ser sozinha na sua grande sala escura onde o piano repousava coberto por um manto branco que o protegia do pó e do seu gato que adorava meter-se em cima do piano enquanto Charlotte tocava e cantava.
O primeiro passo foi de Charlotte que se meteu com ele a entrada dum jardim quando estavam acompanhados por vários amigos, pois Elliot não lhe era indiferente, o seu sentido de humor e a sua ternura tímida fora o que mais lhe cativara e chamara a atenção, os seus olhos eram castanhos-escuros mas brilhavam mais que quais queres uns que Charlotte alguma vez vira e tinham em comum o gosto pla música, ambos adoravam cantar e não só, pouco a pouco foi se aproximando dele, entre brincadeiras e risos ambos criaram um carinho especial um plo outro que com o tempo fora aumentando.
Elliot era tímido mas não perdia uma única chance de poder ver a sua querida Charlotte e sempre que podiam estar juntos passeavam plos jardins cobertos de flores perfumadas, que acentuava tão bem em Charlotte, Elliot roubava sempre umas quantas rosas brancas que oferecia a Charlotte que com um sorriso nos lábios lhe agradecia, nada o fazia mais feliz que a ver feliz. Ela no entanto sentia se mal por não poder fazer nada em troca por ele, foi então que numa tarde lhe chamou ate sua casa.
'Entra entra, estava a tua espera! Quero mostrar-te uma coisa que fiz para ti' - lhe disse com um sorriso.
'Calma, estou a ir para que tanta pressa Charlotte?'
'Estou só ansiosa para te mostrar o que te fiz, nada mais, quero retribuir os sorrisos que me tens dado'
Elliot olhou para ela, com um ar de mistério mas ao mesmo tempo feliz, e Charlotte para ele, pegou lhe na mão e correu ate a sala escura, abriu 3 das cortinas das suas grandes janelas que iluminaram toda a sala, destapou o piano, onde por habito ren, seu gato, se deitou logo em cima, sentou se e chamou Elliot para lhe fazer companhia.
Ela começara a cantar para ele, a sala de tão grande que era fazia com que a canção se expandisse pelo quarto todo e casa, era tão calma, tão serena que Elliot se deixou adormecer embalado por ela, quando Charlotte acabou reparou que o seu querido amigo tinha adormecido encostado a seu ombro. Nada mais fez se não continuar a tocar aquela deliciosa melodia que o tinha embalado, com um sorriso na cara, Charlotte virou se para ren e sussurrou, de maneira a não acordar Elliot.
‘Vês não és o único que gosta de dormir durante as minhas canções’ – deu uma pequena gargalhada.
Com uma luz forte, mas doce, do por do sol a bater-lhe nos olhos, Elliot acorda do seu sono profundo, coberto com uma manta e a seu lado encontra Charlotte que igualmente se deixou adormecer com um ar tão sereno e sorridente que Elliot não teve coragem de a acordar. Deixou-se ali ficar durante mais umas horas… Já de noite se fazia quando ele pegou em Charlotte ao colo, que ainda dormia, como se duma bonequinha delicada de porcelana se tratasse e levou-a até ao seu quarto, deitou-a em na cama e cobriu-a com os lençóis, que eram de seda e semelhantes a sua pele e que deles vinha um aroma a lavanda e baunilha, na mesa de cabeceira ela colocara uma jarra com rosas brancas, as que Elliot lhe oferecia, ao ver aquilo a sua reacção foi de alegria ao perceber que talvez ele não lhe fosse tão indiferente quanto pensara. Pensou ainda ficar a seu lado durante aquela noite.
‘E porque não? Não faria mal nenhum… apenas vê-la dormir tão tranquilamente… não concordas gatinho?’ – enquanto passava com a mão pelo pélo de ren
E assim lá passou a noite, pegou na manta que tinha um pouco de perfume dela, cobriu-se encostou-se à parede e sentou-se no chão, enquanto apreciava a beleza de Charlotte.