Memorias e novidades

Viver uns quantos anos com alguém pode parecer pouco quando nos habituamos a vida na cidade, mesmo que ainda pudéssemos passar algum tempo nas ferias a voltar aos antigos lugares que outrora brincávamos e corríamos não seria a mesma coisa. Tudo passa a correr e com esse correr muito se esquece, muito fica guardado algures num cantinho muito bem trancado e por vezes saltam e pulam e fazem se notar, mas são tão fraquinhas que se deixam ficar ao canto pelo cansaço. 

Esta semana tem sido o puro inferno, ou quase, nada tem corrido bem nem como planeado quer seja na minha pessoal como na vida profissional. 

Dei me de caras com a morte e ela não me quis levar a mim, preferiu levar antes alguém com que vivi, apenas com 77 anos de juventude deixou me a mim, aos filhos, ao marido e aos restantes netos, primos, irmãos, vizinhos e amigos que se reuniram todos em seu redor para lhe desejar as mais boas viagens que se pode alguma vez desejar a um ser vivo que já se deixou arrefecer. 
Inicialmente ia, sem ninguém saber, fazer algo permanente para sempre recordar uma parte 'feliz' de mim, mas agora sem mais nem menos passou a ter outro tipo de significado quanto a felicidade que quer realçar, passou a ser um novo meio de me fazer recordar das pequeninas que de fatigues descansam ao seu canto bem trancado. Trancado como quem diz porque finalmente no molho de coisas incompletas e inacabadas consegui achar a chave que importa.

Sendo assim, decidi-me que depois de ver tantos choros de saudade como de tristeza a minha volta vou honra-la e nunca esquecer dos bons momentos que me trouxe naqueles anos, embora poucos, em que vivi com ela.

                                                             
                                                                                                                                        Obrigada Avó

Nenhum comentário:

Postar um comentário