Vi um pássaro a passar por mim, começou a cantar tão alto que parecia que todo o mundo o iria ouvir, com medo que se fosse embora numa gaiola o aprisionei para me cantar todos os dias, aconteceu que o pássaro perdeu a voz, nada mais ele cantava para mim. Soltei-o e pensei, agora que não tens voz como vais cantar belas melodias?
Pois parece que a recuperou e com um extramente alto som que me fez um zumbido nos ouvidos cantou a história da minha vida, todos os pormenores ele cantou, com clareza tanta que temi que a vizinhança o ouvisse, mandei-o embora, ora ele continuou a cantar e cada vez mais alto que não havia fim para aquela melodia, não saiu de minha janela durante dias, meses, anos, não saiu sempre a cantar.
Quando morreu, senti lhe falta da cantoria, era o único que me fazia companhia, o que me cantava ao ouvido e o que me mantinha entretida, pois maldita a hora que o aprisionei.
Afinal nunca fui eu, era ele que me libertava e que me aprisionava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário