Entre o tic...tac do relógio na escura noite, o passar dos carros que vão deixando para trás um rasto intoxicante, ali, deitado sobre um manto junto a uma janela, semi-aberta por onde onde entra uma ligeira brisa, uns atentos olhos verdes percorrem as estradas e céus.
Como se paralisado estivesse, hipnotizado pelo tic-tac que inconscientemente lhe prende todos os movimentos talvez ate o ar e talvez ate seu tempo. Sem se mover, sem nada que o detenha ou que o chame para viver, eternamente imóvel, eternamente sozinho, o tempo que para ele não importa, que já há muito morreu, continua a nunca parar nem por sua ordem. Com o reflexo do sol nascente ve-se por todo o espaço uma lenta, intemporal valsa de partículas de pó que regalando-se pelos espaços, vão caindo e nunca parecem acabar aquela louca valsa.
Uns abafados sons, por aquele infame tic-tac de um relógio de mesa. Constante e presente nunca o abandonando faz o tempo abrandar, apenas para ele, mais uma vez na sua eterna morte.